domingo, 27 de dezembro de 2009

*Do que se aproxima*

* Ano Novo *

Apostou tudo que lhe restara naquele barquinho de madeira.

Ali, depositou um ou dois sonhos que a vida deixou pra mais tarde. Também segredos do ano que se passara: quem sabe uma foto, um anel enferrujado, uma moeda-amuleto. Deixou que as lembranças bem se acomodassem pelos cantos e que os dedos copiassem cada traço daquela esperança.

Amou pela última vez quem devia e suspirou por quem não podia. A eles também reservou um lugar ali dentro, bem ao lado dos sentimentos - estes inquietos, preocupados em ocupar um lugar maior.

Cuspiu as saudades bem ao lado das lembranças e deixou que as lágrimas, antes amargas agora libertas, banhassem o chão que o Amor pisava. Porque o Amor, sim, sempre precisa de um lugar confortável pra brotar dentro da gente.

Fechou os olhos e sentiu um não-sei-o-quê dentro do peito. Achou por bem colocá-lo no barquinho também...devia ele fazer parte do ano que se passara e passado a gente pode abrir mão, pelo simples fato de ser passado. De ter passado.

Quando as lembranças começaram a remar junto às ondas, a saudade atracou-se em seus cabelos.

-Vai saudade...que é hora de dar lugar a novas saudades...

Mesmo assim ela não foi. Saudade teimosa essa, que brinca de se segurar na gente. Que tem medo de ficar no vão do esquecimento.

E o mar tratava de levar tudo o que lhe restara daquele ano: sonhos, lembranças, sentimentos...

E ela ficou ali. Esperando....janeirando uma última esperança...a mesma esperança de todos os anos: a de ser feliz no próximo ano.

Ps.: Porque, sim, eu aposto todas as minhas fichas no ano que vem vindo. Gosto bom tem a incerteza do futuro.

Ps².: No barquinho que eu fiz pra mim eu não botei o Amor. Achei melhor entregá-lo a você, que sabe bem o que fazer dele.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

*Da última vez*

* A carta *
Por saber-se última, tinha cara de adeus.
Papel amarelado, letras mal arranjadas, uma mancha de água e sal aqui e ali. Era a última carta que ele escrevia para ela. E pronto. Ponto (.) Nem mais nem meio mais. "Amor é muito simples de se entender: ou se sente ou não se sente." No fundo ele bem sabia que não era tão fácil assim. Dizer a alguém que o ama transcende o hipotético, reduz os orgulhosos e expõe o mais introspectivo dos homens.
Por isso essa era a última carta. Diria a ela que não importava mais sua reciprocidade ou seu desprezo. Que ele já nem sonhava mais em beijá-la, em tocá-la, em desfilar pelo parque de mãos dadas com ela...que já não lhe importava mais a secretária eletrônica ou checar os emails...que nunca mais sonhara acordado com o seu sorriso ou sentira seu cheiro numa manhã qualquer. Fingiria não lembrar da sua comida preferida, da música balbuciada e daquele filme que a fez chorar. Diria que daqui pra frente o amor seria apagado, arrancado, ou melhor, liquidado do seu peito. Desprendimento tem limite! Poxa! Um homem não pode se expor dessa maneira...como um tolo! O que os amigos diríam??!
A verdade é que ele nem sabia como deixar de amá-la. E a carta, mais uma vez, traduzia um homem apaixonado e temeroso...temeroso do amor, daquele amor incerto, talvez não correspondido, não vivido e não sentido.
E o que seria de um homem sem o seu medo de amar??? Bem....ele seria uma mulher.
E a carta - a última carta - foi para dentro do último livro da última prateleira daquela lojinha no fim da rua, como todas as outras que ele escrevera e não mandara. Que ela servisse para outro amor, de outro alguém, de outra história de amor...porque, bem ou mal, será sempre AMOR.
Ps.: Para aqueles que não enviaram suas cartas e deixaram o amor empalhar no peito. Ainda há tempo!
Ps².: Pra você meu amor, o meu TE AMO mais sincero. Ainda é como na primeira vez.

sábado, 12 de dezembro de 2009

*Gerúndio*

*Das despedidas*

Preciso confessar a você que encostei meu violão. As aulas andavam meio sem graça, meio sem tempo, meio sem ritmo.
Os livros de culinária? Eu os doei. As leituras andavam meio sem sabor e eu nunca quis cozinhar mesmo, se tu queres saber...
Os discos? As fotos? As cartas? Os nós [nós.]? Guardei tudo dentro de uma caixa, lacrei e escondi de mim mesma.
Tive medo que o passado me fingisse ser presente e então eu cairia de novo neste abismo que é você.
Tive medo que se alguma parte minha te lembrasse, tu ainda permaneceria vivo nas lembranças, nesta casa, nos meus sonhos, nesta vida.
Tive medo das palavras que eu guardei necessitarem ir de encontro ao teu ouvido. Pra mastigar um pouco do teu ego, pra pisar em tuas certezas, pra calar tuas frases feitas.
Tive medo da possível descoberta de não me saber sem ti. E esse foi um medo que tu bem soubes fazer brotar em mim. Não amante, mas dependente.
Me desesperei.Te escrevi em mágoa, te envelopei em rancor e te selei um ódio que definitivamente não te cabia. E eu ainda nem sabia...
Odiar-te, hoje, para quê?
Se tu, porta, cadeira, parede, chão não diferem em nada?
Se tu preto, branco, pardo, furta-cor não me és mais vermelho?
Se tu fala, cala, mala, bala não me causa consequência?
Quem tu serias, então? Pra mim que não te enxergo, não te ouço, não te sinto, não teu gosto, não teu cheiro?
Quem tu serias e qual a importância em minha vida, em meu pensamento, em meu empenho de odiar? Sim, porque quem odeia reserva um tempo para o alvo. Para alimentar a raiva, planejar o próximo ataque, formular estratégias...e bom, perdoe-me a sinceridade, mas eu não consigo te encaixar mais em nenhum momento que se passe aqui dentro. Talvez se tu ganhasse o Oscar ou aparecesse no Guiness, quem sabe...talvez não...tenho evitado os holofotes.
O fato é que eu não te guardo rancor, se te consola.
Como sei disso? Basta olhar em mim.
Ódio é vermelho. Tal qual a cor do amor. O que te guardo atende pelo nome "indiferença", e essa tem 'cor de água, cor de ar, cor de nada.'
Ps.: Deixei tuas chaves na portaria. Nem sugiro que pegues...é que troquei a fechadura do coração faz tempo. Não sinto muito.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

*Giz*

"Do mundo sem você"
Tivesse eu congelado todas as imagens e dito todas as coisas que precisavam ser ditas
não te sentiria agora tão distante...numa realidade quase sonho.
Palpáveis todas as vezes em que precisei de um abraço e tu estenderas o colo inteiro,
todas as vezes em que te falei em silêncio
e me fiz em pedaços só pra te franzir o cenho.
Todas as vezes em que ansiei que a dor, quase mastigável, passasse como tu prometeras que um dia passaria.
Tivesse eu dito que não sabia viver sem ti, talvez tu pensasses duas vezes em virar borboleta.
Não que eu ousaria te impedir de voar, mas só em saber do teu pouso na janela, naquelas tardes de domingo, já me bastaria.
Tu sempre soubes que não era fácil....nem impossível. Sempre soubes que a verdade dos anjos resumia-se em disfarçar as asas e fingirem-se meros mortais. E tu me veio como um sonho bom, daqueles de céu azul e flores no jardim.
E eu, à toa na vida, não percebi que o tempo era curto. Foi tão curto.
Talvez por isso o meu coração tenha dado a mão ao teu, e partido do meu peito quando tu disses "Já vou!"
Tivesse eu pedido pra tu ficares, tu tinhas ficado? Para me sorrir com os olhos, para me dizer coisas tolas, para me amar do teu jeito inescrupuloso de amar?
Eu teria pedido?
Talvez não. Sempre soubera que o teu lugar não era aqui. A passagem de pessoas como tu nesse mundo é efêmera...
Quem somos nós pra entendermos o vôo das borboletas?!
Prometes então pousar na minha janela, qualquer dia desses de domingo!
Como saberei que és tu? Verde-esperança nunca caiu tão bem em alguém.
Ps.: "DANI"-se o mundo quando você sorrir!
Ps².: São três anos e as lágrimas ainda são inevitáveis. Saudade dói.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

*Do que todo mundo sabe*

*Das fugas*
Você em meus braços, ali, sob o céu que eu desenhei pra nós, me lembrou Rimbaud.
Você, rock metal em minha vidinha de blues.
Você halls e eu mel
Você concretizando, eu abstraindo...
- Doce ilusão pensar que eu posso fugir dos seus beijos -
Da língua torturante, do toque trêmulo, das respirações entrecortadas, do lóbulo da orelha ficando úmido...das sensações.
Você, inquisidor dos meus pensamentos
Eu, estupefata com tanta insanidade
Já não importa a vida lá fora, o mundo lá fora, o relógio, os que vão chegar, o que me espera.
Me importa, sim, agora saber para onde nós vamos fugir?
Onde a chuva não encontrará teu brilho, sol da minha noite?
Que o tempo passe
que a rotina fique
que o menino voe
que o homem não chore
que o medo não venha
que a vida pare...

Só não mude eu e você. Brincando de ser felizes debaixo do céu do meu quarto.

Ps.: "Homem não chora nem por dor nem por amor...." - eu nunca vou fazer você chorar.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

*Dos passarinhos*

* Respostas *
Deitados na areia, observavam o mar brincar com a luz do sol.
- Sabe eu acho mesmo que o céu podia ser outra cor além de azul. - virou-se para ela, apoiando-se no cotovelo direito.
- E por que isso agora? Fome?
O sarcasmo sempre fizera parte dos dois e zombar um do outro havia se tornado um novo jeito de se importar.
- Ora, sua tola, não precisa ter um motivo. Eu apenas gosto de pensar que posso mudar as coisas no mundo.
Ele por si só já mudava muita coisa no mundo. Ela bem sabia disso. Teve vontade de dizê-lo, mas não disse. Ao invés disso tirou-lhe a areia escondida entre os cabelos.
- E de que cor seria, então?!
"Podia ser da cor dos seus olhos"- ele quis dizer. Mas não disse. Ao invés disso tomou-lhe a mão e passou a brincar com seus dedos finos.
- Eu não sei...há tantas cores que combinaríam. É difícil escolher. Eu também não preciso mudar tudo sozinho, não é?!
E sorriu.
Sorriu como se nada existisse além daquele instante. Como se o sol tivesse sido feito pra tentar ofuscar, sem sucesso algum, o brilho daquele sorriso. Como se ela não fosse feita de carne e osso. Como se ela ainda soubesse respirar.
Dois segundos a mais e estaria sozinho na praia, um corpo gélido ao lado. Mas ela já se acostumara a sentir-se assim. Era quase um deleite.
"O que ela pensa quando silencia dessa forma?" Ele ficava atônito só de imaginar. Segurando sua mão, ardendo em chamas com o toque de cada dedo delicado dela, sentindo seu cheiro almiscarado trazido pela brisa, ele só conseguia pensar em uma coisa: o que ela faria se eu a beijasse? A última vez que isso acontecera estavam os dois tão absortos que ele não conseguia lembrar em que contexto o beijo chegara. Apenas lembrava do gosto. Nossa! Já fazia tanto tempo e ainda podia senti-la em seus lábios.
- Não, você não precisa. Mas bem que gostaria. Metido!
Quebrado o silêncio, os dois agora ríam como se os pensamentos atormentados não estivessem a ponto de explodirem em "sims" e "nãos". Talvez.
Deitados, um do lado do outro, mãos espalmadas, o galope surdo dos corações dentro do peito. O céu devia ter uma resposta. Ou simplismente eles haviam perdido a coragem de se olhar.
- Você é minha melhor amiga[?].
Não entendeu se aquilo era uma pergunta ou uma afirmação. Apenas assentiu. Os olhos ainda fixos no manto azul chapiscado de branco.
- Você me parece meio nostálgico hoje, não?!
Por que ela fingia não entender? Por que deixava-o tomar todas as iniciativas? Por que calava quando ele precisava ouvir de sua voz que ela também o queria? Já não sabia o que dizer. Maldito aquele que inventara o padrão do primeiro passo masculino. Há tanto tempo ele esperava apenas um gesto, um sinal...
E ela só precisava disso. Um gesto. Um sinal. Como saber se aquele a quem confiara todos os seus defeitos, aquele a quem mostrara-se sem máscaras ou maquiagem alguma, aquele que conhecia todas as suas manias e vícios era também a sua tão esperada personificação de amor?
Como seria tê-lo agora diante dos olhos e tão distante de um beijo, um toque? Da última vez que eles tentaram ela sentiu tanto medo da amizade esvair-se, no entanto tudo permanecera exatamente igual. Talvez ele nem lembrasse mais. Talvez nem sentisse mais.
"Melhor não arriscar"
"Melhor deixar pra lá"
E o mar ia levando os grãos de areia, como quem carrega água em peneira.
Ps.: Entre sim e o não, sempre o TALVEZ. Entre você e eu, sempre a [há!] ESPERANÇA.
Ps.: E todo mundo um dia calou o que sentia e falou o que devia.

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

*Do portão*

* De quando se volta da onde se partiu *
Tenho procurado inspiração em cada uma das coisas que vivi nos últimos momentos de minha vida.
Um gesto, uma cena, um lugar, um beijo, um desejo, uma vontade.
Talvez uma palavra ou uma música ou ainda uma saudade. Daquilo que foi sem ficar, do que ficou sem ser, do que parou e nunca foi.
E eu vi de um tudo nessa busca. Vi lágrimas, vi o pôr-do-sol, vi semblantes, vi mãos dadas, vi o passar do tempo, vi a morte. E nada nunca me pareceu tão absurdamente rotineiro.
A vida, por si só, recai na rotina.
Principalmente quando a gente apenas vive. Quando a gente deixa de desejar que o mundo pare no instante de um beijo, quando não se sente mais o sabor da água (sim, porque ela tem sabor. O sabor da sede, pra quem não conhece.), quando se deixa de escrever cartas pra escrever e-mails, quando uma música não te remete a uma lembrança, quando um olhar não te move a outro plano, quando não se tem tempo de fazer uma graça a uma criança, quando se deixa de cantar no chuveiro, quando se deixa de chorar, quando as declarações de amor te passam despercebidas, quando o cheiro do mar não te faz mais fechar os olhos, quando você deixa de andar descalço na praia, quando prefere olhar a chuva da janela, quando prefere calar...
Acho mesmo que a vida vira rotina quando a gente deixa que ela passe pelos pulmões sem banhar a alma.
E nunca é tarde pra se viver nem pra se falar de amor.
Ps.: Porque eu descobri que ainda não sei de nada. E queria dividir com alguém.

sábado, 6 de junho de 2009

*Dos embalos*

*Do único beijo*
Tomou-a em seus braços como se a noite fosse roubá-la.
Como se pudesse extrair de seus cabelos um fio sequer de sensatez e descobrir em seus olhos o caminho de volta pra casa.
Esperava, assim, que o álcool saísse pelos poros sem ser sentido e que restasse apenas o cheiro adocicado do perfume para que pudesse lembrar no dia seguinte.
Ela, por sua vez, permaneceu impávida. Deliciava-se com cada gesto, cada toque, cada suspiro, cada flamejar de desejo. Seria ele? Por um lapso, assistiu uma noite inesquecível e uma manhã com café-na-cama. "Boba!" - censurou-se.
A música soava longe agora, abafando o suplicar da pele...
"Me beija..." - pensou. O coração pulou do peito e foi bater junto ao dele.
Deslizando contra a gravidade, as mãos encontraram o rosto dela. Ainda conseguiu olhá-lo, envolto entre os dedos, antes das pálpebras caírem sobre os olhos.
Beijou-a.
As bocas fechadas, num primeiro instante, pareciam buscar um reconhecimento, vagarosamente...em seguida já afrontavam-se com uma calidez impudente.
Tentou se concentrar no gosto que ela tinha. Não pôde identificar.
"Ele tem gosto de tequila e limão" - ela divertiu-se.
A música foi parando...
O beijo acabando...
Os braços se soltando...
Olharam-se sem promessas.
E, enfim, ele a perdeu pra noite.
Ps.: Para os que dançaram com todas as almas e perderam as gêmeas. A estes, o Amor vem como um sopro de cigarro: fugaz e atordoante.
Ps².: Deixa eu namorar você todas as noites como se fosse a primeira?

quarta-feira, 27 de maio de 2009

*Das poucas vezes*

*Abandono*

E eu cansei de esperar que as coisas trilhassem o caminho certo
que as cidades submersas de repente apontassem no oceano e ensaiassem um quadro
que o silêncio "quase fanho, sempre mudo" se rompesse em um suspiro
que os braços fossem laços de fita na roupa da menina...
Cansei de esperar que os sonhos não se restringissem a boas lembranças
e que a vida pudesse ser primavera em mês de inverno.
Cansei.
Assim simples, no dia em que a flor nasceu do asfalto.
Ps.: Porque hoje - só hoje - eu peço permissão pra estar triste.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

*Do novo-velho de todo dia*

*Para os escafandristas*
Decidiu adiar o amor.
Assim, subitamente, como se a vida já não tivesse escrito cada qual em seu papel.
Parou o relógio e esperou que o tempo lhe fosse companheiro. O mesmo tempo que mofara as cartas e corroera as lembranças.
" Cuidado, menina, não te afobas que o tempo é traiçoeiro..."
Esperar não era o caso.
Pediu a ele que saísse. Que não levasse tudo, para o caso de uma noite de chuva, mas que fosse sem a certeza do inverno.
Disse-lhe algumas palavras que se perderam em meio ao vão do adeus. Algo sobre saudade, amizade, novos planos. Palavras de um futuro bom, em algum lugar do mundo onde ele não precisasse ouvir a voz dela antes de dormir.
Disse-lhe que tudo ia ficar bem, embora já não o soubesse mais.
"Amores serão sempre amáveis" - já dizia o poeta...
Quando a porta da frente bateu, a alma pediu socorro. Não encontrou. A dor transbordou-lhe a retina e foi banhar seu rosto, sua roupa, seu lar. E foi aí que o tempo, ao invés de correr léguas, lhe trouxe o passado de volta. De bandeja, da mesma forma que tirara.
O primeiro beijo, a primeira jura - "Um táxi por favor" - aquele dia, aquela promessa - "Apartamento 101, segundo andar. Sobe."
E lembrou-se de cada palavra das cartas mofadas e de cada momento que havia esquecido...e dos segredos e dos planos.
"toc toc toc..."
A porta se abre. Por um segundo os olhos se beijam.
-"Oi...é...desculpa, mas é que você esqueceu a escova de dentes."
Do outro lado um sorriso. Tão igual quanto no primeiro dia.
E, finalmente, lembrou-se porquê estava ali.
Agora os olhos diziam:
"Vem amor, que tu já passou tempo demais longe de mim!"



Ps.: O pouco que eu sei do amor é o muito que sinto todos os dias e nele eu vejo que existe, sim, algo nessa vida que pode ser eterno. Pelo menos enquanto dure. Boa sorte a ela que acreditou mais uma vez.

sábado, 2 de maio de 2009

*Dos instantes que eu não quero esquecer*

*Daquele dia*
Enfim disse a ela que a amava.
Não disse assim dizendo, com palavras curtas de significado imenso. Não disse assim como quem diz a previsão do tempo, as horas, ou como quem dá uma aula de etiqueta.
Disse sem dizer, desmazelado. Daquele jeito tão dele, que ela tanto gostava.
A boca muda, as mãos geladas, os olhos embaçados. Quase podia ouvir-lhe as punhaladas do coração no peito, querendo sair. Quem sabe esse não fosse o melhor jeito?! A boca cuspia-lhe o coração fora e este pulsaria nas mãos dela. Vermelho-vivo. Talvez assim ela pudesse entender como ele se sentia, afinal. Talvez essa fosse a forma certa de falar de amor. Ou talvez não.
O silêncio era gritante quando ele pegou-lhe a mão e fitou seus olhos. "Como eu a amo..." pensou enquanto o vento brincava com a saia dela.
As pupilas dilataram-se quando ela chegou mais perto. Ouviu-se apenas o murmúrio:
"Eu também amo você"
E ele continuou mudo.
O sol demorou a sair naquele dia.


Ps.: Porque às vezes tu nada diz e, mesmo assim, eu escuto tudo o que queres dizer.



sábado, 4 de abril de 2009

*Das verdades*

*Dos escarlates*
- Hum...o quê?
O que eu deveria dizer, agora que você roubou a única coisa que ainda me restava? Agora que você despetalou cada vergonha, cada pudor, cada eu que ainda cabia em mim?
Devolva.
Devolva esse amor tanto tempo guardado em músicas, poemas e saudades do que não vivi.
Devolva em forma de estrelas no céu, pés entrelaçados, a minha mão, a tua...devolva com os olhos, com a boca, com a pele...devolva como eu quero, como eu mereço, como eu preciso...
Devolva para sempre.
Ps.: "Tu vens, eu já escuto os teus sinais..."
Ps².: Agora só faltam 3 dias para as noites serem banhados com SOL.


sábado, 21 de março de 2009

*Dos antigos inesquecíveis I*

* Para aqueles que deixam partir quem deve ficar*
- Sim...aceito.
Foi a última coisa que ela conseguiu ouvir antes da primeira lágrima cair e encontrar seus lábios. Sentada no último banco da igreja, ela tinha uma visão panorâmica da felicidade indo embora. Por entre as cabeças em sua frente e os arranjos de lírios que ladeavam o corredor principal, ela o avistava. Trajava um terno escuro, cabelos metodicamente penteados, barba feita...na mão esquerda, agora, uma amarra reluzente. Ria como um anjo.
Ao seu lado, olhos vidrados, a mulher vestia branco. O tão tradicional branco de todos os sonhos. O dourado dos cachos brincava em seus ombros nus e as pérolas no pescoço davam-lhe um ar clássico. Noiva de filme. Estava tão irritantemente linda que a fez nausear.
Os dois completavam a moldura do resto da capela. Fazendo os votos, ali, um diante do outro, amando-se, respeitando-se...parecia tão surreal quanto a coragem dela em ir a este casamento. "Não vou suportar". A cabeça balançava de um lado para o outro...o ar mais rarefeito agora..."Como as coisas chegaram a este ponto?" Procurou na mente vaga o momento em que tudo desandou. Não sabia. Teve vontade de gritar, tomar-lhe a mão e os dois correriam igreja a fora, até fugir dos olhares curiosos...ele teria de aprender a amá-la outra vez...
Não pôde. A forma como ele segurava a mão da outra e encarava-lhe a face, despiam-na de qualquer desejo de interromper. Tentou lembrar se alguma vez ele a olhara daquele jeito...o ar não chegou nos pulmões.
Perdera.
Tantos anos e ela só se deu conta que o perdera quando ele se entregou a outra."Burra!" O pensamento latejou.
Baixou a cabeça e viu que as lágrimas que escorriam do rosto, molhavam o vestido cor de uva. Ele adorava o contraste do roxo com sua pele branca, lembrou-se saudosa. Ele adorava como ela passava insegurança em cima de um salto alto ou como ela sorria, desleixada, de suas piadas bobas. Ele adorava tanta coisa nela e nunca escondeu. Ela, por sua vez, sempre teve medo. Sempre esteve ocupada, sempre esteve estressada, sempre "nunca esteve".
Odiou-se por dois segundos quaisquer.
Quando levantou os olhos, viu que ele beijava a noiva. Olhos fechados, mãos firmes em seu rosto. Estava selado.
- Marido e mulher! - escutou vagamente. Ou fora seu subconsciente tentando, a todo custo, acostumar-se com a idéia? Não sabia ao certo.
Apanhou a bolsa deixada ao lado no banco e, antes que pudesse ser vista, saiu da igreja. Da escadaria olhou para dentro e guardou a cena. O homem que acabara de casar era aquele a quem ela teria entregue todos os dias que ainda viriam e, naquele momento, pelo menos naquele momento, ela tinha o direito de ser infeliz.
A lua estava cheia e iluminava uma noite escura e sem estrelas. Descalçou as sandálias e desceu lentamente cada degrau. Ar, ela precisava de ar agora.
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Mal virou-se para a porta e uma silhueta o chamou a atenção. " Você fica linda de roxo, adoro o contraste da cor com sua pele..." - a frase latejou em suas lembranças como um lapso. Tentou apurar a vista. Viu quando a pessoa tirou as sandálias e sumiu na escuridão da noite.
- Não, ela jamais viria... - pensou baixinho embora seu coração sentisse o contrário.
O corredor ladeado de lírios parecia maior agora.

Ps.: Porque ter medo de amar é ter medo de viver pra sempre. O amor é divino.
Ps².: Eu prometo te fazer se apaixonar por mim todas as horas de todos os dias de uma vida inteira de FELICIDADE. Te amo. E eu não tenho mais medo disso.

quarta-feira, 18 de março de 2009

*Do verão passado*

*Dos selos*
Escreveram seus nomes na árvore mais frondosa do quintal. E pintaram um coração.
Alguém dissera que árvores simbolizam o ciclo da vida. "Porque não o ciclo do amor, então?" Ele queria mesmo era dar um presente a ela. Pareceu-lhe romântico, embora não entendesse bem dessas coisas. "É coisa de mulherzinha!"
Mas ela gostara. E se era pra fazer-lhe sorrir, ele era bem capaz de rabiscar em todos os galhos daquela mata!
Ali permaneceram horas, deitados na grama, mãos dadas, olhares congelados no céu. O sol estava envergonhado naquele dia. A brisa da manhã dançava nos cabelos dela. Tentou se apegar a qualquer imagem que pudesse levar consigo. O jeito como ela enrolava a pontinha dos cachos no dedo, aquele olhar meigo, o formato da sua boca, as piscadelas compassadas...ela parecia um anjo.
Ele já ouvira falar em anjos. Na Igreja, aos domingos. A avó o obrigava a acordar às 5 da matina e "marchar rumo a salvação", ao som das badaladas do sino.
Sentiu a culpa tomar conta de si quando os olhos, incontidos, fitaram os seios dela sob a blusa. "Ah, como ela é linda!" O pensamento voou.
De repente, tomado por uma coragem, que nem sabe de onde veio, encostou os lábios em seu rosto. Ela o olhou. Tão terna e acolhedora como a primeira chuva do caju. Seus olhos eram de um castanho cravejado de pontos dourados.
Sentiu o coração parar quando ela tocou-lhe a face. Uma mãozinha pequena, delicada...
O ar ficou pesado, difícil de respirar.
As pulsações cessaram quando os lábios se tocaram. Quentes, contrastando com o vento úmido da manhã. Foi um beijo rápido, calado...doce. "Ela tem gosto de amora madura!" Ele riu.
- Promete que não vai esquecer de mim?
Ela pareceu surpresa com a pergunta. Apenas sorriu e foi suficiente para que ele entendesse de finais felizes.
Agora ele já era um homenzinho.

Ps.: Porque eu sempre soube que eras tu o que eu quis pra mim, a vida toda.

domingo, 8 de março de 2009

"Das mudanças iguais..."

*Mesmo que mude*
Ela vai mudar.
Bem certo que ele também.
Haverá o dia em que, não mais que de repente, ela vai decidir dormir do outro lado da cama. Ele, talvez, pense que dormir de rede lhe convém.
Ela vai deixar de pintar os lábios. Ele, de se importar com os cabelos.
Ela já não cantará mais no chuveiro. Ele trocará o futebol aos domingos pelas "palavras cruzadas".
Ela vai escolher um jeito novo de dizer "amor". Ele não lhe trará mais rosas vermelhas...talvez lhe traga um vaso, ou pães quentinhos da padaria ao lado. Não por desmazelo, mas pela rotina que torna os presentes funcionais. Ela pregará o botão daquela camisa que ele pedira há tanto tempo. A camisa não o veste mais, ainda assim, ele parecerá satisfeito pela lembrança.
Os dias correrão...lentos, vagarosos...
Então haverá uma tarde. Não uma manhã, pois pela manhã cada qual tem seus "afazeres domésticos". Não uma noite, pois eles dormem cedo.
Uma tarde.
Em que sentados na varanda, cada qual em sua cadeira de balanço, ele sentirá uma vontade enorme de tocar-lhe a mão. E o fará. E qual será seu espanto quando olhá-la nos olhos e enxergar a alma de menina com quem se casara. Os lábios já não tem mais aquele fervor e o carmim de antigamente, mas ainda lhe parecerão sensuais.
Ele também não está nada mal, ela pensa consigo. Os cabelos, embora ralos, ainda lhe dão todo aquele requinte.
E, por um instante, eles recordarão que a vida não podia ter sido de outra forma. Vão lembrar daquele baile com carinho, daquela música, daquela noite.
Ele vai beijar-lhe a mão do mesmo jeito de antes e ela piscará devagar. Uma, duas, três vezes...os olhos ainda sabem dizer "eu te amo".
E eles dirão um ao outro, em silêncio.
Tudo faz sentido agora.

PS.: "É sempre amor mesmo que mude..."
PS².: Deixa eu ficar velhinha do teu lado?

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

*Pra quem já pensou em desistir"

*Dos que andam sempre juntos*
Vieram de tão longe só pra dizer a ela que o arrependimento viria. Que, muitas vezes, conformar-se seria a melhor solução e as coisas não podiam terminar daquela maneira: ela esparramada ao travesseiro e ele preenchendo, com álcool, o vazio que ficara.
Vieram de tão longe só pra dizer a ele que nenhuma outra ocuparia o lugar dela. Ele poderia, sim, procurar insistentemente em bares, ruas, festas, até no Google...mas nenhuma teria aquele jeito de rir com os olhos e a mesma doçura ao dizer "Bom dia!".
Vieram de tão longe pra dizer-lhes que mais valeria lembrar dos momentos felizes, das juras, das promessas, das noites com sol. Daquele dia em que beberam além da conta e dançaram na chuva, daquele dia em que ela tentou cozinhar e só saiu um omelete com bordas queimadas, também daquele outro em que ele tentou fazer-lhe uma surpresa de aniversário e, ao pendurar os balões no teto, caiu da escada - Terminaram a noite em um hospital. Ele com a perna engessada. Ela tomando aspirinas para dor de cabeça.
Mais valeria fazer valer o sempre juntos a qualquer custo do que ficar um dia sequer separados. Não há dor maior do que ficar longe de quem se ama. Pior. Não há dor maior do que ter de fingir pra si mesmo que não se ama alguém, quando o sentimento é maior do que qualquer força e empenho do fingimento. Frustrante. Porque os olhos sempre entregam a verdade e te deixam vulnerável na própria mentira.
Então eles vieram. Lado a lado como sempre andam. Como tem que ser. O amor e a saudade. Companheiros de viagem. Ele trazia na mala um punhado de sonhos. Ela, um pára-raio pra desesperança. Vinham calmos, porque o amor e a saudade sempre sabem como fazer direito o seu trabalho.
Vieram de tão longe só pra fazer ele ligar pra ela.
Vieram de tão longe só pra fazer ela atender e escutar, depois de um segundo de silêncio:
"- Amor, volta pra mim?"
Ps.: Porque quando o amor e a saudade falam, todo o resto se cala.


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

*Pra falar do que eu não sei dizer*

*Pra ele que me prometeu uma manhã com beijos todos os dias*
Ele foi a pessoa mais careta que eu já conheci.
Acho que pra ele o tempo parou de uma forma tão doce e irremediavelmente clara que eu nem percebi que, ao seu lado, tinha desgostado da vida de "moderninha". Eu aprendi a ser como ele e esperar, como ele, coisas boas do amanhã da minha vida. Sim, porque ele sempre teve o dom de ser otimista. E o dom de falar com os olhos. E o dom de sorrir gostoso. E o dom de tornar meus dias mais felizes.
E quando ele falou em casamento eu fiquei assustada. "Casamento é tão careta! E eu nem sei fritar um ovo!" Mas ele sabia. Ele sabia até fazer macarrão. E lasanha. O que já me tornava sua fã n°1. Foi o jeito pensar a respeito.
E ele falou em filhos, em como queria que eles fossem parecidos comigo. Pensei o contrário: teríam que parecer com ele para não ganharem apelidos na escola. "Tudo bem. Vão parecer com a gente, certo?!"
Certo.
E me propôs uma casa com uma varanda enorme para que eu pudesse me inspirar ao ver o pôr-do-sol. Bobinho. Até parece que alguém precisa de sol pra inspiração, quando acorda todos os dias ao lado de quem ama.
Foi aí que eu decidi ser careta. Porque enxergando, agora, da ótica do amor...do meu amor...ser careta é ser FELIZ.
Caso-me contigo.
Ps.: Vem amor...sussurra aquelas palavras, que hoje me deu uma vontade doida de ser passarinho...

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

*Das novas-antigas descobertas...*

*Pra ela que redescobriu o amor*
Quando o carnaval chegou, com todas as suas cores, ela sentou na soleira e viu o bloco passar.
O som dos tamborins e percussões não excitavam-na desta vez. As risadas, o etanol, as colombinas, os pierrots e arlequins...nada a atraía. Hoje ela acordara dançando, somente em seu coração, a música que o amor ditou. Sim, porque o amor dita regras. Ele não pede, ele não explica, ele não dá escolhas. Ele simplesmente chega e te apossa o peito, terreno vulnerável demais para movimentos reacionários. Hoje ela acordara assim...vestindo a fantasia de "Julieta" em sua alma e sem vontade de embalar ritmos na avenida. Amor como o dela, ainda novinho em fraldas, precisava ser cuidado, ninado, alimentado antes de sair porta a fora. Também ela não queria que ninguém o soubesse. Queria guardá-lo pra si, pra depois poder lembrar-se de cada sensação, de casa suspiro dado, de cada silêncio consentido. Com sentido.
Quando o amor chegou, com todas as suas dádivas, ela sentou na soleira e viu o carnaval passar, emudecida com o compasso do próprio coração.
Ps.: Porque, mesmo sem te ver, creio eu que o brilho dos teus olhos apaixonados deve superar a exuberância de qualquer carnaval. Boa sorte, ptichka.

*Eleven*

*Pro meu amor*
Uma verdade irrefutável: eu nunca escrevi sobre ti, uma mal traçada linha se quer, nas páginas daquilo que um dia chamei diário.
Talvez te doa saber disso assim tão repentinamente, tão cruelmente neste dia. Talvez te doa a inevitável comparação com o resto de toda uma vida que vivi a poemar e resumir lembranças no meu "calado ouvinte". Suponho que te sentirás um tanto diminuído, insignificante até, afinal são 11 MESES! 11 meses e não me restou nada digno de palavras eternizadas com preto no branco? A mim nada inspirou? Nem as promessas, nem a intimidade calada, nem mesmo aqueles momentos em que só enxerguei a ti e tu somente a mim, na avidez de possuirmos um ao outro?
Não te enganes, meu amor.
Não te deixes levar por dúvidas que, no fundo, tu sabes não ter. Não te deixes cegar pelo bicho da insegurança, inimiga pertinente dos que amam. Não enchas de angústia um coração que só deve ter espaço para o amor que confiastes a mim. Não o faça. Não o faça sem que antes eu te explique o porquê de tamanho desleixo, se assim posso dizê-lo.
Todo esse tempo juntos e eu não reservei um instante em minha rotina para escrever-te nada a mais que um bilhete de geladeira ou uma carta de resposta, confesso. Que fique bem claro, desde já ,aos que lêem, que este rapaz, aqui citado, é o motivo pelo qual eu acordo sorrindo todos os dias, logo a questão não está em falta de amor, e sim, em amor demais. Sim, meu bem.
Não te citei antes pelo simples fato de não saber como fazê-lo. Nem mais nem meio mais. Como vou explicar que eu te amo "mar revolto" e me sinto "brisa cálida" quando seguras minha mão? Como explicar o efeito que ainda possui em meu corpo, pernas bambas e mãos geladas, quando te aproximas? Como eu vou explicar que depois de ti minha alma voltou a ter paz e eu fiz as pazes com o espelho? Como eu vou explicar que, mesmo depois de tanto tempo, quando tocas minha pele com os lábios daquele jeito tão somente teu, ainda me sinto como na primeira vez?
Não posso.
Seria como tentar definir a beleza do pôr-do-sol numa equação matemática.
Aprendi a amar-te pra mim mesma, então. Aprendi que quando eu te fazia feliz, quando te tinha em meus braços e te olhava nos olhos, sôfrega de ternura, eu podia expressar o que mantinha em silêncio aqui dentro. Enganei-me. Sentimentos foram feitos para a gente gritar que está vivo. Sufocá-los é como tentar segurar o vento entre os dedos: inútil e estúpido.
Foi aí que, depois de 11 meses, mesmo depois de conviver com meio sorrisos ao invés de palavras, tu me surpreendestes mais uma vez com um pedido de namoro. "Mas existe re-namoro?"- pensei comigo mesma enquanto me deliciava com a brincadeira. Eu tinha esquecido como é bom ser pedida em namoro por ti. Eu tinha esquecido que dá um friozinho na barriga na hora de dizer SIM. Eu tinha esquecido tanta coisa...
Então eu comecei a escrever para não mais esquecer. Para não deixar passar um só momento dos muitos que ainda vou ter ao teu lado. Para tu leres naqueles dias em que eu me negar a repetir tudo em voz alta (embora eu ache muito difícil acontecer). Para que os outros saibam que não há nada mais doce que amar e ser amado em troca. E você não deve se envergonhar disto. Para que um dia, a Giovanna, a Gabi e o Nicholas saibam que eu fui pedida em namoro duas vezes no decorrer de um ano e pelo mesmo homem e que eu senti, apaixonadamente tudo igual.
Tu ainda me causas "borboletas na barriga". E eu te amo por isso.