sábado, 6 de junho de 2009

*Dos embalos*

*Do único beijo*
Tomou-a em seus braços como se a noite fosse roubá-la.
Como se pudesse extrair de seus cabelos um fio sequer de sensatez e descobrir em seus olhos o caminho de volta pra casa.
Esperava, assim, que o álcool saísse pelos poros sem ser sentido e que restasse apenas o cheiro adocicado do perfume para que pudesse lembrar no dia seguinte.
Ela, por sua vez, permaneceu impávida. Deliciava-se com cada gesto, cada toque, cada suspiro, cada flamejar de desejo. Seria ele? Por um lapso, assistiu uma noite inesquecível e uma manhã com café-na-cama. "Boba!" - censurou-se.
A música soava longe agora, abafando o suplicar da pele...
"Me beija..." - pensou. O coração pulou do peito e foi bater junto ao dele.
Deslizando contra a gravidade, as mãos encontraram o rosto dela. Ainda conseguiu olhá-lo, envolto entre os dedos, antes das pálpebras caírem sobre os olhos.
Beijou-a.
As bocas fechadas, num primeiro instante, pareciam buscar um reconhecimento, vagarosamente...em seguida já afrontavam-se com uma calidez impudente.
Tentou se concentrar no gosto que ela tinha. Não pôde identificar.
"Ele tem gosto de tequila e limão" - ela divertiu-se.
A música foi parando...
O beijo acabando...
Os braços se soltando...
Olharam-se sem promessas.
E, enfim, ele a perdeu pra noite.
Ps.: Para os que dançaram com todas as almas e perderam as gêmeas. A estes, o Amor vem como um sopro de cigarro: fugaz e atordoante.
Ps².: Deixa eu namorar você todas as noites como se fosse a primeira?