segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

*Da última vez*

* A carta *
Por saber-se última, tinha cara de adeus.
Papel amarelado, letras mal arranjadas, uma mancha de água e sal aqui e ali. Era a última carta que ele escrevia para ela. E pronto. Ponto (.) Nem mais nem meio mais. "Amor é muito simples de se entender: ou se sente ou não se sente." No fundo ele bem sabia que não era tão fácil assim. Dizer a alguém que o ama transcende o hipotético, reduz os orgulhosos e expõe o mais introspectivo dos homens.
Por isso essa era a última carta. Diria a ela que não importava mais sua reciprocidade ou seu desprezo. Que ele já nem sonhava mais em beijá-la, em tocá-la, em desfilar pelo parque de mãos dadas com ela...que já não lhe importava mais a secretária eletrônica ou checar os emails...que nunca mais sonhara acordado com o seu sorriso ou sentira seu cheiro numa manhã qualquer. Fingiria não lembrar da sua comida preferida, da música balbuciada e daquele filme que a fez chorar. Diria que daqui pra frente o amor seria apagado, arrancado, ou melhor, liquidado do seu peito. Desprendimento tem limite! Poxa! Um homem não pode se expor dessa maneira...como um tolo! O que os amigos diríam??!
A verdade é que ele nem sabia como deixar de amá-la. E a carta, mais uma vez, traduzia um homem apaixonado e temeroso...temeroso do amor, daquele amor incerto, talvez não correspondido, não vivido e não sentido.
E o que seria de um homem sem o seu medo de amar??? Bem....ele seria uma mulher.
E a carta - a última carta - foi para dentro do último livro da última prateleira daquela lojinha no fim da rua, como todas as outras que ele escrevera e não mandara. Que ela servisse para outro amor, de outro alguém, de outra história de amor...porque, bem ou mal, será sempre AMOR.
Ps.: Para aqueles que não enviaram suas cartas e deixaram o amor empalhar no peito. Ainda há tempo!
Ps².: Pra você meu amor, o meu TE AMO mais sincero. Ainda é como na primeira vez.

5 comentários:

  1. Liiiindo!
    Amei, florzinha.

    Atire a primeira pedra quem nunca escreveu uma carta e não mandou.
    Saudades de ti.

    =*

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  2. amei, amei, amei! Que texto mais cheio de sentimento, Camilla. Nossa! Dá uma sensação tão gostosa te ler... gostei muito.
    É, acho que ainda há tempo de enviar a carta, a mensagem não terminada, a ligação telefônica... qualquer demonstração simples de amor.

    beijo

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  3. 'Dizer a alguém que o ama transcende o hipotético, reduz os orgulhosos e expõe o mais introspectivo dos homens...'

    Gata, tu é fera!
    E não tenho palavras pra dizer o quanto o texto é lindo...
    Beijos ;***

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  4. "Cartas...alegria quão grando quando as recebemos, não sabemos se abrimos com todo o cuidado do mundo ou com afoito desespero para saber o que irá me dizer(ainda mais vindo de ti)...ficando a imaginar tua boca ditar palavra por palavra."

    P.S: Que dia receberei outra carta tua, e como sempre falando de amor...DO TEU AMOR POR MIM?


    =)


    Saudades...

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  5. aff até as mulheres tem medo de amar. de resto adorei o poema*_*

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