sábado, 25 de setembro de 2010

*Do ciúme que ele sentia*

*...*

Por fim cometeu o erro de querer-lhe só pra si.
E as pessoas não são assim tão fáceis de se laçar. Sentimentos têm vôos próprios mas ninguém disse isso a ele.

Quis correr com as ameaças, acabar com os vícios, varrer o passado que ela insistia em lembrar.
Jogou fora os perfumes, escondeu o batom, estilhaçou o espelho. Ela não mais precisaria refletir-se, posto que ele já a enxergava. Ela o tinha, enfim. Em seu leito, em seu coração, em sua casa, entre as pernas.
Ele achou por demais absurdo que ela continuasse a usar lápis nos olhos, salto alto e aquele vestido vermelho.
Arrancou-lhe as pérolas do pescoço, então. Os olhos já brilhavam o suficiente.
Desmascarou-a. Desarmou-a.
Agora ela o pertencia. Corpo, alma e coração.
Cuidaria para que não lhe faltasse nada. Nem ninguém.
Um dia, porém, ao chegar da rotina, encontrou-a na cozinha. Os calos, as rugas, os fios brancos, o cheiro de tempero...tudo lhe pareceu intensamente perceptivo. Achou-a feia.
Achou-a triste e sem graça.
Tentou encontrar nela o motivo da paixão de outrora. Tentou encontrar em si qualquer resquício.
Os olhos dela não brilhavam mais. Tentou lembrar onde pusera as pérolas.
Mas não adiantaria.
O que ao ciúme sucumbe, o tempo não perdoa.




Ps.:Me ame assim. Como sou. E se não for o jeito certo de ser, ainda assim será o MEU jeito.

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