quinta-feira, 11 de agosto de 2011

*Daquele dia...*


*em que você deu uma pausa*


Ela pediu que eu dissesse qualquer coisa. Qualquer coisa dessa coisa que se diz quando Marraquexe fica longe. Inalcançável.
Ela pediu que eu cantasse Chico ou citasse Vinícius.
Que, junto com ela, ensaiasse um Nelson Gonçalves...algo que gritasse o que insistia-se emudecido.
Acho mesmo que, no fundo, ela queria zombar do Amor. Pra intimidá-lo, pra afugentá-lo, pra desobrigá-lo.
O que ela esqueceu é que ele, o bendito Amor, é meretriz de ponta de esquina. Despudoradamente cínico, passado o fim de semana, ele volta. Sandálias na mão, pedindo arrego. E sempre encontra uma porta aberta.
"Então vem..." - eu disse - "Pega na minha mão e vamos ficar em silêncio. Porque toda saudade merece dois segundos de atenção. Só por ser saudade."
E ela chorou.





Ps.: Sabe...se não tivesse sido especial, em algum momento, não existiria a lembrança. Não sinta medo. Ainda acho o avesso, o seu melhor lado.