segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

*Dos ais de todo mundo*

*Soldado*
"- Curiosidadezinha vagabunda, essa!"
Pensou enquanto cutucava aquele antigo ferimento de guerra.
No começo apenas um latejo, um desconforto, um qualquer. Aí a coisa toda foi se transformando, aumentando, distorcendo, cedendo, sangrando...Rendeu-se. Desertora que era de si mesma.
Antes da primeira lágrima, o nó na garganta. Sentiu vontade de gritar mas a voz emudeceu. Anos de combate ao vento, ao nada. Tanto esforço, tanta força.
Talvez ainda houvesse algo a ser dito, sentido, vasculhado. Talvez a linha que amarrava os pensamentos tivesse desatado ou rompido ou nem existido.
Talvez tivesse apostado na estratégia errada. Talvez.
Tentou voltar atrás, levantar imediatamente, seguir o comando, costurar tudo outra vez, mas era tarde. O sangue jorrava alto agora, a carne dilacerada, o corte ainda profundo.
Tanto tempo...
Tanta vida...
Tanta gente...
Tanto jeito...
Tanta coisa...
"- Curiosidadezinha mórbida, essa minha!"
Doeu. Mas como todas as dores, tornou-se suportável. Quase ausente. Dormente. Dor mente?
Não sei.
Já não sentia mais nada.
Ponto pra eles.
Ps.: De quando ela esquece o futuro, despreza o presente e insiste no passado.

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