quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

*Do (re)começo*

*2011*
Abandonou o branco aquele ano. Não! Paz não era exatamente o que ela precisava agora. Carecia de mudanças, rápidas. E pra se mudar uma vida, uma cabeça e uma história, dificilmente podemos exigir - de santos ou orixás - o benefício de ter paz. No máximo pedimos coragem porque a estrada é longa e o caminho é árduo. Não há quem se regozije ao ter de dar a volta por cima. Passar por si mesmo e dar o primeiro passo. Começar do começo. Tudo. Sozinha, orgulho na mão, coração sangrando, carregando consigo meias verdades, uma ou duas certezas e um punhado de mentiras.
Então, definitivamente não vestiria branco.
Nem vermelho. Amor parecia-lhe distante e impossível agora. Primeiro era preciso resgatar o amor próprio, então arranhado.
Amarelo seria uma boa pedida. Sempre bom ter mais de três dígitos no banco. Não sabemos o dia de amanhã e dinheiro idealiza estabilidade. Mas as contas íam bem...de certa forma. Nunca tivera medo de trabalhar, isso é fato, logo morrer de fome não ia.
Pensou em verde, azul, laranja, violeta e em todos os seus significados. Analisou o que cada prenda lhe traria de melhor para a nova vida. Riu quando percebeu-se querendo mesmo um pouco de tudo. O novo ano havia de servir para que ela reunisse os cacos de esperança em ser feliz. Construiria uma nova esperança. Bem mais sólida que a anterior. Bem mais sua, também.
Revirou o armário e lá estava a resposta. Vestiria purpurina e paetês! Porque brilham e ela também ansiava recuperar o brilho dos olhos. Porque formam-se de todas as cores e ela queria um pouco de tudo. Porque queria ser vista, estar linda, parecer bem. E conseguiu.
O que ela não sabe é que todos na festa mal repararam na casca. E toda aquela escolha vã, no fim, não foi páreo para a sua alma andando desnuda por entre os convidados.
Abandonou o branco aquele ano. O branco e todas as cores. Passou o reveillon nua de si mesma. Sem culpas, sem remorsos, sem mágoas.
E estava deslumbrante.
Ps.: Pra ela. Porque, de todo o meu coração e com todo o meu amor, eu invejo o tamanho da força que tu tens, minha camaleoa. Toda a sorte do mundo neste 2011!

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