quarta-feira, 7 de setembro de 2011

*Carta pra Deus*


*Pra falar do beija-flor*

Há muito tempo eu não paro pra rezar.
Não usarei a correria do dia-a-dia pra justificar minha ausência. Tu me sondas e reconheceria, no mesmo instante, meu exagero e descaso.
Também não contarei as vezes em que chamei o Teu nome nos momentos de angústia. Não foram poucas e eu bem sei que todas essas vezes traziam consigo um pedido, raramente um agradecimento.
Mas hoje, não por acaso, eu precisei parar cinco minutos dessa minha soberba e conversar Contigo. Porque, mesmo distante, ainda trago a fé em algo maior e aceito que, quando não caibo mais em mim, é na Tua mão que devo entregar-me. Me escuta, então.
Tu deves ter Teus motivos para podar as flores. Tu deves saber de cada nascer e pôr-do-sol e quem sou eu para questionar-Te as decisões. Se me desespero é porque sou fraca e ser humana me dá esse direito. Não evolui o suficiente, em espírito, pra entender de perder. Pra entender o porquê da flor no asfalto. Pra entender o beijo na pele fria, antes dona do abraço quente. Pra entender as mãos que, sem vida, não correspondiam ao meu aperto. Pra entender o porquê de tanto sono quando todos nós só esperávamos ver um último olhar castanho. Pra entender o porquê da boca fielmente cerrada se todos ansiávamos por um último sorriso - aquele sorriso!
Pede a ela que não se zangue pelo meu desassossego. Se bem a conheço, a essa altura, já me olha daí com aqueles olhinhos marotos pronta pra um "Ow, sua besta!" Diz a ela que, mesmo sem querer, mesmo sem concordar que era forte o suficiente pra passar por aquilo, eu atendi o chamado. Porque eu sei que ela me queria ali naquele momento pra, de alguma forma, não estar sozinha. Fiz o que tinha de ser feito.
Diz que não ando sorrindo ultimamente porque a desesperança transbordou esses dias mas que, se tudo der certo e ela me cuidar naquelas horas em que os maus pensamentos me machucam, hei de ficar bem. De me apoiar em cima dos joelhos, ainda bambos pelo susto, e tentar seguir em frente.
Diz a ela que sinto saudades e, se choro baixinho no travesseiro, é porque ainda tinha muito a ser dito em silêncio. Nunca fiquei constrangida. É que era mesmo verdadeiro.
Hoje eu precisei falar-Te. Mais do que todos os dias.
Cuida dela pra mim e, se não for pedir muito, cuida também de nós que ficamos. Ainda todo mundo perdido.



Ps.: Camila, meu beija-flor, procuro uma forma de seguir em frente. Quando e como conseguirei, não sei. Perdoa o egoísmo, mas ainda não consegui te deixar ir. Tu moras em mim.
Ps².: Sabe aquele pôr-do-sol? Você tinha razão sobre ele. É todo seu.

Um comentário:

  1. Oi! "você não pode passar num blog e não deixar um recado.. é uma falta de absurdo isso!"

    Consegue identificar isso? É ela, é dela. =)

    eu não consigo mais escrever.. eu também tenho um blog, e eu permiti que ela me visse através dele. [ela era muito boa nisso, ganhar confiança com sorriso] =)
    eu não consigo olhar meu blog.. pois ele tem o mesmo papel de parede que o dela, e eu também sinto tanta falta dos comentários dela..
    Amei o que você escreveu aqui, me emocionei. E como ela teria dito "eu poderia ter escrito isso". AInda não consigo dizer nada à ela escrito, só em pensamento.
    =*

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